Tarcísio R. Botelho (Universidade Federal de Minas Gerais, CNPq, Brasil)
O objetivo do paper é apresentar uma análise da população brasileira desde princípios do século XVIII até o final do século XIX, observando a sua composição conforme as relações de trabalho a que estavam submetidos os seus habitantes. Pretende-se apresentar estimativas da população em intervalos de 20 a 40 anos, de 1720 a 1900, discutindo-se a questão da desigualdade social a partir de perspectivas que ofereçam a possibilidade de comparações no tempo e no espaço. Nesse sentido, será muito importante comparar a realidade colonial com as transformações que são introduzidas a partir do processo de independência política e de construção do Estado nacional. Assim, o desafio é compreender como foi possível manter-se uma sociedade tão desigual ao mesmo tempo em que se observavam possibilidades abertas de mobilidade social. O trabalho se concentrará em torno dos anos de 1720, 1750, 1776, 1808, 1836, 1872 e 1900, momentos em que uma significativa quantidade de evidências sobre a população torna a tarefa mais factível. Para esses momentos, podemos encontrar contagens parciais da população (1720, 1750, 1776, 1808, 1836) ou censos nacionais (1872 e 1900). Usando descrições qualitativas que podem ser encontradas em crônicas coloniais, documentos oficiais e outras fontes históricas, pretendo apresentar uma distribuição da população brasileira de acordo com as dimensões que elegi como centrais para descrever a desigualdade social, quais sejam, as relações de trabalho, as estruturas ocupacionais e a origem racial/étnica.