A evolução de empresas do setor de bens de capital no Brasil, 1920 – 1960: o caso da Dedini e da Rom

Ponencia: Marson

Michel Deliberali Marson (ICSA-UNIFAL, Brasil)

O objetivo geral do artigo é estudar a evolução de duas empresas importantes para a consolidação do setor de bens de capital no Brasil, a Dedini e a Romi. A escolha por estudar mais detalhadamente a evolução dessas empresas foi a viabilidade por existirem estudos específicos e acervos históricos com documentos econômico-financeiros dessas empresas. Destacaremos as estratégias que possibilitaram o sucesso empresarial em um setor complexo do ponto de vista das etapas do processo de industrialização.

Com origens muito semelhantes, a Dedini e a Romi tomaram rumos diferentes para se tornarem já em 1960 empresas líderes no setor de bens de capital e nos ramos específicos em que atuavam no período no país. O período escolhido para a análise é importante para entender a constituição e maturação de empresas no processo de industrialização brasileira. Mostraremos aqui que as origens do setor de bens de capital é muito anterior ao período de consolidação do setor na industrialização brasileira e que as empresas que foram importantes para essa consolidação já existiam e passaram por um processo de evolução que irá caracterizar a possibilidade de serem atores principais da afirmação da indústria nacional até os dias atuais. Esse ponto é importante porque parte da literatura corrente sobre a indústria no Brasil não deu importância para essa questão, e consideram o processo de industrialização “avançado” das décadas de 1950 e 1960, tendo origem com grandes empresas nos setores industriais “pesados”.

Neste artigo mostraremos como foi o início das empresas Dedini e Romi, de origem parecida com muitas das empresas que contribuíram para a consolidação do setor de bens de capital no estado de São Paulo e no país, e muitas outras que seguiram o mesmo caminho, mas não conseguiram manter-se no setor de bens de capital da indústria brasileira. Mostraremos quais foram os principais fatos histórico-econômicos da evolução dessas empresas que as tornaram importantes em ramos específicos do setor de bens de capital. Atentaremos para as características da estrutura administrativa e financeira dessas empresas, identificando o tipo de estratégias de administração e quais os limites impostos pelo processo de industrialização para as estratégias adotadas. De empresas individuais ou sociedade simples elas abriram seu capital para concretizar a expansão necessária dentro do setor.

O período aqui estudado, 1920 a 1960, aborda esse processo de transição da forma de administração familiar baseado no improviso e técnicas de administração tradicionais, com financiamento pelo capital próprio no início do período, em 1920, para um tipo de administração baseada em resultados, mas de gerenciamento familiar e baseada em capital próprio e de terceiros (do setor privado ou público) no final do período, em 1960. Identificaremos os limites de cada processo de administração e o sistema de financiamento baseado no aprofundamento do processo de industrialização. Como veremos existem diferenças em relação às duas empresas aqui estudadas.