Marcia Eckert Miranda-Universidade Federal de Sao Paulo (Brasil)
Em 1835, parcela da elite econômica e política da província do Rio Grande de São Pedro levantou-se contra o governo central brasileiro. Esse movimento tinha por bandeira imediata o afastamento do presidente da província, mas expunha a insatisfação de setores da sociedade sul-rio-grandense com as transformações decorrentes do processo de construção do Estado imperial brasileiro e com as novas hierarquias e prioridades estabelecidas nas relações entre a Corte do Rio de Janeiro e as províncias. No acirramento das posições, a fiscalidade ganhou destaque, especialmente por ser essa uma província fronteiriça que desempenhou destacado papel nos conflitos platinos. As transformações na administração e no sistema tributário, assim como as dívidas de guerra foram apontadas pelos revoltosos como fatores que contribuíram para que o governo central “desnacionalizasse” a província, separando-a da “comunhão brasileira”. O desenrolar do conflito levou à proclamação da República Rio-Grandese em 11 de setembro de 1836. O esforço para sustento da guerra contra o Império do Brasil que se prolongou até 1845, impôs limites e conferiu especificidades à conformação da capacidade extrativa desse novo Estado. O texto visa discutir as formas assumidas pela fiscalidade sobre o instável território da República Rio-Grandense entre os anos de 1836-1845. Considerando as relações entre a República, os países platinos e o território da Província de São Pedro sob o domínio das tropas imperiais, buscasse delimitar as alternativas formais e informais encontradas para o sustento material da guerra e do Estado. As fontes primárias são principalmente os documentos da Coleção Alfredo Varela, custodiada pelo Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul.